O adolescente acusado de atropelar com um jet ski uma menina de 3 anos em Bertioga, na Baixada Santista, deve se apresentar à polícia na quinta-feira e prestar depoimento sobre o acidente. Grazielly Almeida Lames, de 3 anos, morreu ao ser atingida pelo veículo na areia da Praia de Guaratuba na tarde de sábado.
Grazielly foi enterrada ontem, às 10h, no Cemitério de Artur Nogueira, na região de Campinas. 'Espero que seja feita justiça e minha filha seja um anjo que impeça de acontecer isso com outras crianças', disse a mãe, a auxiliar de panificação Cirleide Rodrigues de Lames, de 24 anos, ao lado do pai de Grazielly, o caminhoneiro Gilson Almeida da Silva, de 33.
A Polícia Civil e a Delegacia da Capitania dos Portos em Santos instauraram ontem inquéritos (respectivamente, policial e administrativo) para apurar a morte da criança. 'Ainda estamos na fase inicial de investigação. Tudo o que temos até o momento são os fatos e muitas especulações', disse o delegado plantonista Marcelo Rodrigues.
Cirleide contou que ela e Grazielly estavam saindo do mar, por volta de 17h, quando a criança foi atingida. Ela explicou que não escutou barulho nem viu o jet ski se aproximar. 'Não vi nada, de repente apareceu o jet ski na minha frente, só consegui sentir aquele vento e ver minha filha jogada longe. O menino pulou do jet ski, eu só pensei em socorrer minha menininha.'
Segundo testemunhas, o adolescente fugiu para uma casa em um condomínio de luxo, de onde teria saído de carro pouco tempo depois com parentes.
O advogado da família do adolescente, Maurimar Chiasso, negou que o condutor tivesse fugido sem prestar socorro. Segundo o advogado, ele teria 'se desesperado'.
Chiasso também disse ontem que o garoto não pilotava o jet ski na hora do acidente. Segundo o advogado, o condutor teria apenas dado a ignição na embarcação. 'Ele não pilotava, não conhecia a máquina. Por causa da partida dada, o jet ski se projetou para a praia.'
O delegado Marcelo Rodrigues afirmou que uma das hipóteses investigadas é a de que o adolescente não estaria usando um dispositivo de segurança do veículo que desliga o motor em caso de queda do piloto. Após a perícia da Polícia Civil, o aparelho também será vistoriado pela Delegacia da Capitania dos Portos de Santos.
Luto. A mãe de Grazielly diz que não dorme nem come direito desde o dia do acidente. 'Não consigo fechar os olhos. Nada passa na garganta. É uma dor que não desejo para ninguém', disse Cirleide.
No dia em que morreu, Grazielly tinha ido à praia pela primeira vez. 'Ela ficou ansiosa durante semanas, perguntava onde era a praia, como era. No dia seguinte bem cedinho ela acordou e me pediu para ir ver o mar', contou a mãe. 'Conhecer o mar era um sonho dela. O outro era ser bailarina, mas esse ela não vai poder realizar.'
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